Tradições de Casamento na Europa: Um Continente, Mil Rituais
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O continente europeu, com a sua história milenar e a sua incrível mistura cultural, parece por vezes falar a uma só voz. No entanto, quando se trata de celebrar o amor, cada país, cada região, conservou os seus próprios rituais, as suas tradições únicas que pintam o casamento com tonalidades fascinantes.
Se a troca de votos é um ponto em comum, os caminhos para lá chegar são extraordinariamente variados. O que une um casamento sueco e um casamento grego? O que os diferencia?
Partamos à descoberta destes rituais que fazem a riqueza do compromisso à europeia.
A Aliança: Um Símbolo Universal, um Dedo Diferente
A troca das alianças é, sem dúvida, o ritual mais partilhado em toda a Europa, símbolo do círculo infinito do amor. Mas uma simples questão revela desde logo as nossas diferenças: em que dedo usá-la?
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Na esquerda, perto do coração: Em Portugal, França, Itália, no Reino Unido e em muitos outros países, usa-se no dedo anelar esquerdo, herança da crença antiga na "Vena Amoris", a veia que ligaria este dedo diretamente ao coração.
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Na direita, a mão da promessa: Na Alemanha, Áustria, Polónia ou Espanha, a tradição dita que a aliança se use na mão direita, considerada a mão do juramento, do compromisso.
Os Padrinhos e Testemunhas: Entre Papel Legal e Apoio Incondicional
Cada casal precisa dos seus pilares. Mas o seu papel varia grandemente.
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Em Portugal, França ou Itália, os Padrinhos e Testemunhas: O seu papel é, antes de mais, legal. São os signatários oficiais que atestam a validade da união perante a lei. Em Portugal, os Padrinhos são também figuras de honra, um apoio especial para o casal ao longo da vida.
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Nos países anglo-saxónicos, o "Best Man" e a "Maid of Honor": O seu papel é muito mais vasto. São os maestros das festividades, os organizadores da despedida de solteiro(a), os confidentes e o apoio moral dos noivos.
A Festa: Do Banquete Grandioso à Noite Descontraída
A receção do casamento é um momento chave, mas a sua atmosfera muda completamente.
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No Sul, o Banquete: Em Espanha, Itália ou Grécia, e claro, em Portugal, o casamento é sinónimo de um banquete gigantesco, o famoso "copo d'água". Uma refeição sentada que pode durar horas com uma sucessão de pratos, celebrando a abundância e a alegria até de madrugada.
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No Norte, o Espírito "Hygge": Nos países escandinavos, a receção é muitas vezes mais descontraída, em forma de grande buffet ou de um jantar mais simples, onde os discursos dos entes queridos ocupam um lugar central. A ênfase é colocada no calor humano e na convivialidade.
As Superstições: Para Atrair a Felicidade
Cada país tem os seus pequenos rituais para afastar o azar.
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No Reino Unido, o "Something Blue": A noiva deve usar "algo velho, algo novo, algo emprestado e algo azul" para garantir um casamento feliz.
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Na Alemanha, o "Baumstamm Sägen": Logo após a cerimónia, os noivos têm de serrar juntos um tronco de madeira. É o seu primeiro obstáculo como casal e o símbolo da sua capacidade de trabalhar em equipa.
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Em Portugal, "Cortar a Gravata": Durante o copo d'água, é tradição cortar a gravata do noivo em pedaços e leiloá-los pelos convidados. O dinheiro arrecadado é uma prenda para os noivos, simbolizando um início de vida a dois próspero.
Conclusão: Unidade na Diversidade
Esta viagem mostra-nos que, apesar das nossas línguas e histórias diferentes, os rituais de casamento europeus partilham todos a mesma intenção profunda. Seja partir um prato, serrar um tronco ou usar uma aliança na esquerda ou na direita, o objetivo é sempre o mesmo: celebrar um compromisso, reunir uma comunidade e desejar o melhor a duas pessoas que se amam.